sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

BANCO DOS USA VÊ SERRA MAIS PREPARADO

Segundo relatório do JPMorgan, ministra Dilma deve fortalecer modelo de desenvolvimento baseado na intervençãoBanco acha que estabilidade da economia está garantida seja qual for o resultado das eleições, mas vê diferenças entre os dois pré-candidatos

A nove meses das eleições presidenciais, e antes mesmo da definição do quadro de candidatos, vices e respectivos programas de governo, o banco americano JPMorgan opinou que o governador de São Paulo, José Serra, é mais preparado do que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) para lidar com os desafios econômicos "de longo prazo" do país.

No documento, intitulado "Brazilian Election Countdown #3" (Contagem Regressiva para as Eleições Brasileiras #3), Serra é descrito como o candidato mais determinado a remover, "de uma vez por todas", entraves fiscais que inibem o investimento público e impedem a redução mais acentuada das taxas de juros.

"Enquanto a diferença entre os dois candidatos possa não ser dramática no curto prazo, existe a impressão de que a oposição está mais determinada a promover, de uma vez por todas, uma agenda de longo prazo para solucionar os problemas fiscais", diz o texto, distribuído a investidores.

Não há clareza, no documento, quanto à natureza desses problemas fiscais. Existe apenas a menção de que Serra teria mais condições e vontade de promover a eficiência do sistema tributário, eliminando impostos contraproducentes.

Enquanto Serra é descrito como o candidato que eliminaria ineficiências, a ministra Dilma é vista como tendo um viés mais intervencionista.

"Há diferenças entre os candidatos", diz a análise. "Nossa percepção é que, enquanto a candidata oficial irá provavelmente fortalecer um modelo de desenvolvimento baseado no Estado forte e na intervenção pública no setor privado, os problemas de longo prazo serão mais bem tratados pelo candidato de oposição José Serra."

O documento ressalva que, seja qual for o resultado das eleições, os pilares macroeconômicos estarão assegurados. A principal diferença entre os dois possíveis candidatos seria de visão com relação ao papel do Estado e às prioridades.

"Agora que a fase de estabilização da economia acabou e o país parece estar entrando em uma fase de crescimento sólido, há muito em jogo com relação ao planejamento de longo prazo", diz a análise do banco, assinada pela estrategista Emy Shayo e por Fábio Akira Hashizume, economista-chefe do JPMorgan no Brasil.

Procurados, o Palácio do Planalto e a Casa Civil não quiseram se manifestar, assim como o Palácio dos Bandeirantes. Um assessor do governador Serra afirmou que a análise "não tem nenhuma relevância eleitoral".

À Folha, o economista Fábio Akira, um dos dois autores do documento, afirmou que o JPMorgan não pretendeu, com a análise, julgar a capacidade administrativa dos possíveis candidatos. "Não avaliamos pessoas, mas os dois períodos de governo, quase tão longevos: o petista, que completa sete anos, e o tucano, de oito anos.

"Akira também reconheceu que, para avaliar melhor as prováveis candidaturas, é preciso esperar a definição dos candidatos a vice e dos respectivos programas de governo.

Folha de S. Paulo - 08/01/2010
MARCIO AITH